quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

QUARESMA NA UMBANDA E A FORÇA DO SINCRETISMO

Saudações companheiros de jornada na fé aos Orixás!
Agora acordei um pouquinho mais cedo e consegui sentar aqui para escrever um pouco. E tenho observado polêmicas sobre a tal Quaresma.
Afinal, o que é Quaresma? Bem, sabemos o que é quaresma, agora qual é a relação com a Umbanda? A Umbanda é uma religião genuína ou é uma vertente do catolicismo? A Umbanda deve reportar-se ao papado? São algumas questões que precisamos levantar.
Sabemos que a Umbanda é uma religião brasileira, com seus próprios fundamentos e que também sofre algumas influências de outras correntes religiosas e podemos citar as mais influentes que é o culto dos índios, o culto africano, o espiritismo e o catolicismo.
As influenciam práticas são dos três primeiros citados, ao passo que a do catolicismo eu poderia dizer que é apenas para velar algo como é feito o link de orixá e santo.
Faz um século que a Umbanda vem administrando estas influencias para tentar chegar numa síntese individual, mas é muito difícil, justamente pela maior das influências, a dos humanos.
Como é uma religião nova, grande porcentagem dos seus membros são migrações de outras crenças e trazem consigo toda uma bagagem que despejam aos pés dos guias e Orixás. Isto é normal pelo fato da Umbanda não ter a doutrina de conversão, por acreditar que todo caminho de fé são fragmentos de Deus para chegarmos a ele, seria então a Umbanda a esperança de se criar um grande manto de retalhos??? Pode ser!
Não podemos esquecer do bom senso e não é porque a Umbanda faz uso da mediunidade (influencia espírita) que vamos então tirar a magia que os caboclos e pretos velhos ministram, pois parece que é coisa de espírito “atrasado”, não é porque temos a presença do índio e sua cultura na manipulação das forças elementais que vamos então ter giras de dança da chuva (pajelança) no terreiro em dias de secas e calor, tampouco não é porque os africanos são marcantes em nosso culto que devemos seguir os padrões de iniciação em roncó (culto de nação).
Existe uma inversão de conceito, onde a influencia que deveria enriquecer acaba dominando um espaço que não pertence, onde a influencia torna-se o fundamento.
É para este raciocínio que quero lhe trazer leitor. Onde está o discernimento e o bom senso? Muito bem, e quando se fala em mundo espiritual, precisamos nos desprender destes dogmas, paradigmas e toda espécie de raciocínio limitador.
A quaresma é um preceito católico, baseado na crença deles e serve para eles.
Por gentileza leitor, me entenda, respeito toda forma de crença e as diferenças de conduta dentro da Umbanda, aqui não vale dizer o que é certo ou errado ou apontar este ou aquele terreiro, estou apenas propondo uma reflexão.
Voltando, então, será racional pensar que o mundo espiritual para suas atividades por conta de um conceito religioso criado por homens em uma única crença?
Afinal, o que o caboclo, preto velho e principalmente exu tem haver com isso? São eles católicos? Ou transcendem estes limites?
Na prática observamos que tudo continua normal, as pessoas continuam tendo seus problemas, que não aumentam por causa da quaresma, os espíritos continuam com suas atividades e alguns médiuns tiram férias, daí já é outra história.
Estes dias um amigo virtual veio me pedir a receita de um banho forte para tomar na quaresma, então eu o levei a refletir sobre o que aqui apontei e todo ano é sempre a mesma prosa...rsrsrs.
No templo que freqüento, contrariando todas as vertentes, no mês de fevereiro trabalhamos só com Exu, ou seja, Exu trabalha no carnaval, na quaresma e assim por diante. Posso garantir que nada estranho acontece ninguém vira lobisomem ou acontece algum tipo de tragédia.
Estas colocações limitadoras da ação espiritual é uma questão consciencial e se você se sente mais confortável em seguir preceitos de outras religiões, que seja respeitado, mas não faça disto uma lei dentro da Umbanda e acima de tudo entenda que este é um fundamento externo á Umbanda.
Ao final, tudo isso desacelera o processo da Umbanda desenvolver sua própria identidade.
Irmãos, o mundo espiritual continua com suas atividades normais. Já pensou o que seria do budismo se os mentores de lá sumissem na quaresma? Percebe? Cada qual com suas verdades.
A Umbanda é uma religião que tem seus próprios fundamentos ditados pelos mentores que nela se manifestam e é a eles que precisamos reportar nossas dúvidas e conflitos.
Por isso é necessário o estudo, o desenvolvimento de uma consciência genuína.
Bem irmãos, deixo aqui minha contribuição neste período e Carnaval é outra prosa.
Forte abraço!

(contato@tvus.com.br)

Atenção: este texto pode ser reproduzido desde que mantenha sua integridade e cite devidamente a fonte.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Rodrigo!!
Achei ótimo seu texto, já havia lido no e-mail do grupo templo de umbanda. Agora que conheci, visitarei sempre sue blog...
Abraços,

Olivia Prado

Anônimo disse...

Meu amigo Rodrigo. Participei do curso de Exu que vc ministrou no Colegio de Umbanda Sagrada em Jundiaí.
Meu comentario é bem simples.
Acho que Carnaval é festa popular, que é quando o ser humano se acha no direito de extravar suas energias diante desta orgia maluca.
Quaresma é um preceito da Igreja católica onde, segundo os sacerdotes (padres), os fieis devem purificarem dos pecados da carne para então participarem ou então comungarem com o sofrimento e morte de Jesus (Semana Santa).
Quanto à Umbanda não vejo relação nenhuma mesmo por que se Jesus é um espiríto, nossos guias também o são, apesar de estarem num nível muito inferior.
Por isto tenho certesa que todas as religiões existentes tendem a nos levar ao nosso Pai Maior, apesar de doutrinas e caminhos diferentes.

Um abraço

Seu amigo, Jorge