quinta-feira, 1 de março de 2007

TROTE UNIVERSITÁRIO, qual a função?


Por Rodrigo Queiroz

“Ei, me dá uma moeda, incentive a juventude inteligente.” assim fui abordado no semáforo por um grande grupo de jovens “bixos” ao que pensei “Jovens inteligentes? Então no Brasil, jovens inteligentes pedem esmolas!”, só que tem um detalhe, eu estava a caminho da Universidade, porque também sou um jovem universitário.
Os chamados TROTES, aplicados nos novatos pelos veteranos das universidades perdem a razão de existir uma vez em que o envolvido não se preocupa em avaliar qual é a real função do TROTE.
Uma cópia mal feita do PRAXE lusitano, uma espécie de TROTE em Portugal, ambos tem por finalidade funcionar como um ritual de transição em que o jovem vivencia ao adentrar no mundo acadêmico da universidade. Então pergunto: e qual a função da universidade?
Creio que a Universidade enquanto Academia de estudos, deva ser considerada uma espécie de “Templo do Saber”, porém falta o desenvolvimento cultural no jovem desde que inicia o estudo no ensino fundamental em aderir a idéia de que um país e uma nação só pode se desenvolver pela educação e o desenvolvimento cientifico que um povo pode desenvolver, falando assim parece muito simples, até seria, se todos pensassem assim. Não cabe aqui um discurso político, o caso é: se a universidade é o local onde se produz ciência e desenvolve os seres, então onde entra a ligação com os trotes de mais variadas formas? Como “pedágio” (pedir esmola), “travestir-se” (humilhação) e assim por diante, sabemos até de trotes agressivos e já vimos em noticiários casos de mortes por conta das estúpidas “brincadeiras”.
Não estou aqui querendo promover um discurso moralista, pretendo apenas abrir uma reflexão, o que deve ser muito sadio.
Todas as formas acima citadas de prática do trote só vêm ao longo dos anos divulgando uma mensagem subliminar de que adentrar para a academia é ser ridicularizado.
Acho muito válido o ritual de transição, deve sim existir, porém com uma ressalva, que tenha sentido. Penso que ao invés de gerar ridicularizações ou arrecadação de verbas para financiar bebedeiras que não conduzirão a nada, então que o trote tome uma forma de levar o jovem universitário para as ruas divulgando cultura, pois é isso que representa a Academia Universitária.
Podemos pensar em atividades sadias e culturais, onde um adolescente ao ver a cena se sinta motivado pela demonstração de cultura em amanhã fazer parte desta realidade. Por exemplo: declamar uma poesia no semáforo, encenar uma paródia, distribuir textos educativos, etc. Promovam oficinas envolvendo a comunidade em plena praça pública ou dentro de escolas estaduais, enfim, idéias não faltam.Por fim ao ver diariamente e ser abordado cerca de 4 a 6 vezes ao dia pelos trotes, penso que os veteranos ainda não se assentaram para a razão do que ele representa numa sociedade, do que nós somos enquanto cidadãos. A Universidade trás as ferramentas necessárias para seus adeptos aprenderem a desenvolver um país melhor, uma cidadania verdadeira, uma política consciente etc. No entanto percebo que muitos não entenderam e vão brincando com o tempo, brincando com os estudos, brincando com o país, ridicularizando uma nação e dando a impressão que teremos uma produção de "bobos da corte" e quem não adere á brincadeira é "careta".

É necessário uma ação por parte das Reitorias que atinja diretamente a razão do alunado, criando uma nova cultura sobre o tal ritual de transição. Para justamente dignificar o valor de uma Academia Universitária.

Desta forma deixo aqui minha contribuição opnativa para um país mais consciente, sou apenas um jovem universitário, 24 anos, cursando Filosofia pela USC, Bauru-SP.

Eu penso em qual deve ser meu papel na sociedade! E você?


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