Este era um dia delicado, pode ser uma celebração para uns, tristeza para outros e muito preocupante para Pai Ulisses. Um membro de seu templo faleceu e a ele cabe o cerimonial fundamental na vida de um espírito religioso, a Cerimônia Fúnebre.
Enquanto ele vestia seu paramento sacerdotal e acabava de arrumar os materiais, parte da nossa equipe já estava no quarto da Funerária que prepara o falecido antes de ir para o caixão, lá esperam o Sacerdote para realizar os preceitos Umbandistas.
Felipe, o desencarnado, ainda se encontrava num coma mental, seu espírito se mantinha suspenso ao corpo, mas ainda presente no ambiente sem perceber a movimentação ao seu redor.
Então chega Pai Ulisses acompanhado de duas cambones, Fabiane e Talita.
Acompanhando eles estava presente três Exus e um Pomba Gira, Sr. Morte, Sr. Caveira e Sr. Sete Cruzes com Sra. Calunga. Cercaram o falecido, cada qual com seu armamento a postos.
O Sacerdote iniciou suas preces segurando nas mãos uma pequena concha com ervas a queimar, ao levantar pro alto as ervas e clamar a ajuda do alto um clarão se fez presente no teto do quarto e luzes multicoloridas envolveram a mão do Sacerdote que apenas sentiu um arrepio do corpo.
Conforme assoprava a fumaça em direção ao corpo, uma nuvem esverdeada envolvia o espírito suspenso de Felipe, como era utilizado uma mistura de Sálvia e Guiné, uma espécie de véu se formou envolvendo o espírito do mesmo, podia se observar alguns pontos negros e cordões negros que se mantinham em Felipe que foram purificados e rompidos no momento de aspergir a água consagrada no corpo físico, o espírito recebia como fluídos luminosos.
Impressionado com o que via, fui interpelado:
- Fascinado Wilian? Perguntou Pai Preto.
- Impressionado Pai.
- Ainda não começou...
- Pai tudo que é feito no corpo do falecido, reflete no espírito.
- Sim, o Sacerdote se utiliza do corpo apenas como um endereço, mas tudo acontece no espírito que habitava o corpo já inerte.
- Poderia ser feito a distância?
- Não isto, a distância são outros procedimentos e resultados. Aconselhamos que sempre seja feito como estamos te mostrando. Agora preste atenção.
Felipe já apresentava luminosidade. Quando o Sacerdote com a pemba fez cruz na testa, garganta, peito, mãos e pés, em cada cruz um ponto luminoso se firmava e o Sacerdote determinando que todo cruzamento que ele tenha recebido que fosse desagregado então uma porção de símbolos começaram a pular de dentro destes pontos luminosos e iam sendo recolhidos pelo Sr. 7 Cruzes.
Agora sua coroa, testa, peito, mãos e pés foram untados com azeite de oliva consagrado e destes pontos uma chama se acendia e alguns símbolos invertidos ao ser projetados eram consumidos ou purificados, após isto estes pontos se fecharam e uma camada de “lava” permanecia ardente.
Quando Sacerdote começou borrifar o corpo com essência de Alfazema, todo o espírito foi envolvido por uma camada fina e luminosa de uma outra espécie de véu e um maravilho perfume tomou conta do ambiente. Era notável que Felipe sentia-se confortável.
Após estes procedimentos, um familiar presente terminou de vestir o corpo.
Já no saguão social para exposição do corpo um portal luminoso estava aberto, porém sem trânsito.
Pai Ulisses iniciou o discurso falando da importância da Cerimônia Fúnebre, apresentou o que pensa a Umbanda sobre a Morte, a eternidade do espírito e enfim, enquanto isso alguns familiares ao invés de vibrar em amor pelo falecido, repudiavam a presença do sacerdote Umbandista e de cochichos e zombarias abriram passagem para seres infernais se aproximar do ambiente era a deixa que alguns deles esperavam para atacar Felipe que sempre foi um médium muito ativo na prática da luz e que deu muito trabalho para as Trevas.
Alguns tentaram lançar cordões contra Felipe, mas Sr. Caveira e Sra. Calunga os paralisou, amarrou e os recolheram do ambiente. Sr. Morte tratava de neutralizar as vibrações e projeções negativas contra Felipe e Pai Ulisses.
No físico o irmão de Felipe proferiu palavras sobre o irmão e suas vibrações de amor contagiava Felipe. Então o Sacerdote fez a prece a Olorum e evocou o ponto á Oxalá, seguido pelo Ogã que com um tambor deu inicio ao toque:
“...Pombinho Branco,
Mensageiro de Oxalá...”
Neste ato o portal de luz citado intensificou sua luz e ao fim do louvor a Oxalá evocaram o Pai de cabeça de Felipe, Pai Ogum.
“...Ogum em seu cavalo corre, e a sua espada reluz...”
Neste instante três cavaleiros romperam o portal, com espada na mão, os Exus abaixaram em reverência e das espadas dos Ogum fachos de luz eram emitidos em direção de Felipe e de todos familiares, as vibrações do ambiente se sutilizaram e todos se emocionaram, até os criticos.
Os cavaleiros permaneceram posicionados em triangulo.
O Sacerdote falou poucas palavras sobre o Orixá de Felipe e chamou a presença de Pai Obaluayê.
Do atabaque uma luz violeta envolvia Felipe e ele já estava separado do corpo.
Após isto os familiares foram chamados a se despedir do corpo e o caixão foi fechado.
Familiares conduziam o caixão em direção ao túmulo a ser depositado, na frente ia o Sacerdote que em silêncio pedia licença aos moradores daquele Santuário.
Atrás iam os Ogum e Exus.
Ao depositar o caixão dentro da cova, Pai Ulisses levantou com a mão direita um punhado de pó de pemba consagrada, sua mão foi envolvida por uma luz dourada, quando assoprou o pó sobre o caixão, uma espécie de grade se formou no buraco centímetros antes do caixão. Ato seguinte circulou o túmulo com mais pó e firmou uma vela branca no alto, embaixo, esquerda e direita formando uma cruz ao redor do túmulo. Ajoelou-se e orou:
- Pai Olorum, Obaluayê e Omulu, senhores deste campo santo, aqui eu selo e cruzo o tumulo de Felipe... onde teve seu corpo enterrado, impedindo assim que venha a ser atacado ou perturbado por qualquer ação negativa, peço que o receba em vossos braços.
Neste momento uma explosão abriu no céu um portal de luz intensa, dele Pai Obaluayê saiu, era muito grande, envolveu o espírito de Felipe e o levou para além do portal que se fechou.
No túmulo uma esfera holográfica e luminosa ficou armada.
Os familiares jogavam flores e se distanciavam, até que fechou-se o túmulo e Pai Ulisses fez o ultimo ato de acender uma vela branca encima do túmulo.
Diversos espíritos curiosos se aproximavam para ver o que ocorria, era de fato novidade, não é todo momento que se vê um enterro tão arrojado e cheio de efeitos especiais.
Alguns mal encarados se afastavam quando notavam a presença dos Oguns e Guardiões.
- Pai Preto, porque desta grade luminosa e agora esta esfera sobre o tumulo.
- Acontece Wilian que todo este ritual não isenta Felipe de responder á Lei Divina. Aqui ele não foi isentado de nada, apenas o purificamos e o isolamos para não ser perturbado por entrechoques negativos desnecessários.
- Mas vi Pai Obaluayê o levar.
- Sim, Ele o levou para outra dimensão e agora é com os Senhores da Lei que determina pra onde vai Felipe sem interferências negativas, ficando a cargo apenas da obra de Felipe.
- Interessante isto...
- Também não pense que este é um privilégio do Umbandista, pois outras religiões também tem suas Cerimônias Fúnebres e com isso ajudam o espírito desencarnado.
- Ah, então é uma necessidade este procedimento?
- Sim, é muito importante.
- E aqueles que nem uma palavra receberam quando partiram da carne.
- A estes fica as amizades concebidas...
- Penso que estou te entendendo...
- Espero que sim companheiro.
- E por fim, esta proteção no tumulo permanecerá ativa até Felipe ir para sua esfera natural, quando tudo estiver como prevê a Lei, daí a vida continua sendo escrita por ele, agora no tempo eterno.
- Que seja feliz!
- Sim, agora vamos...
Enquanto ele vestia seu paramento sacerdotal e acabava de arrumar os materiais, parte da nossa equipe já estava no quarto da Funerária que prepara o falecido antes de ir para o caixão, lá esperam o Sacerdote para realizar os preceitos Umbandistas.
Felipe, o desencarnado, ainda se encontrava num coma mental, seu espírito se mantinha suspenso ao corpo, mas ainda presente no ambiente sem perceber a movimentação ao seu redor.
Então chega Pai Ulisses acompanhado de duas cambones, Fabiane e Talita.
Acompanhando eles estava presente três Exus e um Pomba Gira, Sr. Morte, Sr. Caveira e Sr. Sete Cruzes com Sra. Calunga. Cercaram o falecido, cada qual com seu armamento a postos.
O Sacerdote iniciou suas preces segurando nas mãos uma pequena concha com ervas a queimar, ao levantar pro alto as ervas e clamar a ajuda do alto um clarão se fez presente no teto do quarto e luzes multicoloridas envolveram a mão do Sacerdote que apenas sentiu um arrepio do corpo.
Conforme assoprava a fumaça em direção ao corpo, uma nuvem esverdeada envolvia o espírito suspenso de Felipe, como era utilizado uma mistura de Sálvia e Guiné, uma espécie de véu se formou envolvendo o espírito do mesmo, podia se observar alguns pontos negros e cordões negros que se mantinham em Felipe que foram purificados e rompidos no momento de aspergir a água consagrada no corpo físico, o espírito recebia como fluídos luminosos.
Impressionado com o que via, fui interpelado:
- Fascinado Wilian? Perguntou Pai Preto.
- Impressionado Pai.
- Ainda não começou...
- Pai tudo que é feito no corpo do falecido, reflete no espírito.
- Sim, o Sacerdote se utiliza do corpo apenas como um endereço, mas tudo acontece no espírito que habitava o corpo já inerte.
- Poderia ser feito a distância?
- Não isto, a distância são outros procedimentos e resultados. Aconselhamos que sempre seja feito como estamos te mostrando. Agora preste atenção.
Felipe já apresentava luminosidade. Quando o Sacerdote com a pemba fez cruz na testa, garganta, peito, mãos e pés, em cada cruz um ponto luminoso se firmava e o Sacerdote determinando que todo cruzamento que ele tenha recebido que fosse desagregado então uma porção de símbolos começaram a pular de dentro destes pontos luminosos e iam sendo recolhidos pelo Sr. 7 Cruzes.
Agora sua coroa, testa, peito, mãos e pés foram untados com azeite de oliva consagrado e destes pontos uma chama se acendia e alguns símbolos invertidos ao ser projetados eram consumidos ou purificados, após isto estes pontos se fecharam e uma camada de “lava” permanecia ardente.
Quando Sacerdote começou borrifar o corpo com essência de Alfazema, todo o espírito foi envolvido por uma camada fina e luminosa de uma outra espécie de véu e um maravilho perfume tomou conta do ambiente. Era notável que Felipe sentia-se confortável.
Após estes procedimentos, um familiar presente terminou de vestir o corpo.
Já no saguão social para exposição do corpo um portal luminoso estava aberto, porém sem trânsito.
Pai Ulisses iniciou o discurso falando da importância da Cerimônia Fúnebre, apresentou o que pensa a Umbanda sobre a Morte, a eternidade do espírito e enfim, enquanto isso alguns familiares ao invés de vibrar em amor pelo falecido, repudiavam a presença do sacerdote Umbandista e de cochichos e zombarias abriram passagem para seres infernais se aproximar do ambiente era a deixa que alguns deles esperavam para atacar Felipe que sempre foi um médium muito ativo na prática da luz e que deu muito trabalho para as Trevas.
Alguns tentaram lançar cordões contra Felipe, mas Sr. Caveira e Sra. Calunga os paralisou, amarrou e os recolheram do ambiente. Sr. Morte tratava de neutralizar as vibrações e projeções negativas contra Felipe e Pai Ulisses.
No físico o irmão de Felipe proferiu palavras sobre o irmão e suas vibrações de amor contagiava Felipe. Então o Sacerdote fez a prece a Olorum e evocou o ponto á Oxalá, seguido pelo Ogã que com um tambor deu inicio ao toque:
“...Pombinho Branco,
Mensageiro de Oxalá...”
Neste ato o portal de luz citado intensificou sua luz e ao fim do louvor a Oxalá evocaram o Pai de cabeça de Felipe, Pai Ogum.
“...Ogum em seu cavalo corre, e a sua espada reluz...”
Neste instante três cavaleiros romperam o portal, com espada na mão, os Exus abaixaram em reverência e das espadas dos Ogum fachos de luz eram emitidos em direção de Felipe e de todos familiares, as vibrações do ambiente se sutilizaram e todos se emocionaram, até os criticos.
Os cavaleiros permaneceram posicionados em triangulo.
O Sacerdote falou poucas palavras sobre o Orixá de Felipe e chamou a presença de Pai Obaluayê.
Do atabaque uma luz violeta envolvia Felipe e ele já estava separado do corpo.
Após isto os familiares foram chamados a se despedir do corpo e o caixão foi fechado.
Familiares conduziam o caixão em direção ao túmulo a ser depositado, na frente ia o Sacerdote que em silêncio pedia licença aos moradores daquele Santuário.
Atrás iam os Ogum e Exus.
Ao depositar o caixão dentro da cova, Pai Ulisses levantou com a mão direita um punhado de pó de pemba consagrada, sua mão foi envolvida por uma luz dourada, quando assoprou o pó sobre o caixão, uma espécie de grade se formou no buraco centímetros antes do caixão. Ato seguinte circulou o túmulo com mais pó e firmou uma vela branca no alto, embaixo, esquerda e direita formando uma cruz ao redor do túmulo. Ajoelou-se e orou:
- Pai Olorum, Obaluayê e Omulu, senhores deste campo santo, aqui eu selo e cruzo o tumulo de Felipe... onde teve seu corpo enterrado, impedindo assim que venha a ser atacado ou perturbado por qualquer ação negativa, peço que o receba em vossos braços.
Neste momento uma explosão abriu no céu um portal de luz intensa, dele Pai Obaluayê saiu, era muito grande, envolveu o espírito de Felipe e o levou para além do portal que se fechou.
No túmulo uma esfera holográfica e luminosa ficou armada.
Os familiares jogavam flores e se distanciavam, até que fechou-se o túmulo e Pai Ulisses fez o ultimo ato de acender uma vela branca encima do túmulo.
Diversos espíritos curiosos se aproximavam para ver o que ocorria, era de fato novidade, não é todo momento que se vê um enterro tão arrojado e cheio de efeitos especiais.
Alguns mal encarados se afastavam quando notavam a presença dos Oguns e Guardiões.
- Pai Preto, porque desta grade luminosa e agora esta esfera sobre o tumulo.
- Acontece Wilian que todo este ritual não isenta Felipe de responder á Lei Divina. Aqui ele não foi isentado de nada, apenas o purificamos e o isolamos para não ser perturbado por entrechoques negativos desnecessários.
- Mas vi Pai Obaluayê o levar.
- Sim, Ele o levou para outra dimensão e agora é com os Senhores da Lei que determina pra onde vai Felipe sem interferências negativas, ficando a cargo apenas da obra de Felipe.
- Interessante isto...
- Também não pense que este é um privilégio do Umbandista, pois outras religiões também tem suas Cerimônias Fúnebres e com isso ajudam o espírito desencarnado.
- Ah, então é uma necessidade este procedimento?
- Sim, é muito importante.
- E aqueles que nem uma palavra receberam quando partiram da carne.
- A estes fica as amizades concebidas...
- Penso que estou te entendendo...
- Espero que sim companheiro.
- E por fim, esta proteção no tumulo permanecerá ativa até Felipe ir para sua esfera natural, quando tudo estiver como prevê a Lei, daí a vida continua sendo escrita por ele, agora no tempo eterno.
- Que seja feliz!
- Sim, agora vamos...
Fonte: http://www.rodrigoqueiroz.blogspot.com/
cmailto:contato@tvus.com.br
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6 comentários:
Nossa Rô, a cada dia nos surpreendendo mais e mais. Este texto me fez lembrar do Curso de Sacerdócio, que foi ensinado o funeral. É lógico que foi narrado muito mais coisas do que aprendemos. Realmente as pessoas precisam saber o quanto é importante e bonito um funeral Umbandista. Muito marcante cada passo que foi narrado.
Continue sempre nos passando mais e mais sabedoria.
Agradeço muito por tê-lo com um Sacerdote.
Beijos
Mais uma vez deixo aqui minha admiração e respeito a este trabalho maravilhoso que vc Rô desenvolve em nossa Umbanda Sagrada...Umbanda Querida!!!
Diante deste assunto que tanto aperta nosso coração... descrita de uma forma linda e simples... e mais uma vez comprova que a espiritualidade é perfeita!!!
Muito bom é sermos UMBANDISTAS !!!
Belos ensinamentos...
Um beijo grande...
Thais Martins...
irmão a importancia deste escritos é fenomenal pois nos dá exemplos concretos de todo um aprendizado que temos sobre os fundamentos umbandistas
A Umbanda me encanta a cada dia mais, busquei a tempo este tema, agora o encontrei com ricos detalhes.Agradeço a todos que fazem da Umbanda Sagrada mesmo.
Excelente pelos ensinamentos contidos, meu amado irmão.
Que Oxalá o Ilumine sempre.
Abraço!
As palavras desse blog não foram em vão... estou aprendendo muito sobre essa religião e esses guias que tanto respeito, admiro e amo!
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