quarta-feira, 13 de maio de 2009

INICIAÇÃO E INICIADO - PARTE II

MERGULHANDO NO REFLEXO INTERIOR

Por Rodrigo Quieroz
Ditado por Monge Yamashida

- Vamos amigo, abra os olhos do espírito e respire fundo.

Ao escutar esta voz, segui o comando e ao abrir os “olhos” vi este ser envolto por uma intensa luz, me assustei e tentei manter a calma.

- Namastê querido amigo! Você está com o corpo físico dormindo e neste momento seu espírito desperta para o plano espiritual, nesta noite vamos fazer uma “viagem” importante...vamos?

Olhei para o lado e vi meu corpo inerte, parecia morto, um pouco confuso resolvi aceitar o convite deste estranho visitante. Oriental, olhos puxados, estatura baixa, magro, com um manto enrolado no corpo na cor salmão e dourado, em sua testa um símbolo brilhava alternando várias cores, todo seu corpo era envolvido por uma espécie de cápsula luminosa. “Não pode ser coisa ruim.” – pensei. 

- Namastê senhor! 

- Então vamos César, segure minhas mãos, feche os olhos, concentre nos pensamentos que mais te envolveram neste dia e nas coisas que fizeste nos últimos dias. 

Imediatamente me veio à mente minhas preocupações, meu descontentamento com o trabalho profissional, até gosto do que faço, mas gostaria mesmo é de ter terminado minha faculdade, talvez hoje não teria tantas contas a pagar, tantas preocupações e seria feliz por fazer o que gosto, afinal ser Engenheiro certamente é mais satisfatório que gerenciar finanças da empresa dos outros. Além disso acho que me precipitei em casar com a Claudete, ela não é mais a mesma, ficou rabugenta, só reclama e gasta o pouco dinheiro que temos, me enganei quando pensei que ao casar teria minha liberdade e que isso me faria feliz, amor eterno é novela, não tem nada em comum com o mundo real e agora não consigo mais sair dessa situação.

- Agora abra os olhos amigo.

Nossa! Que susto! Não percebi que tínhamos saído do quarto, que lugar estranho, muita gente, muito movimento, um barulho ensurdecedor de pessoas e máquinas. Por onde olho só vejo pessoas indo e vindo. Apáticas, sem brilho, sem sorriso, olhos fixos e parecem zumbis. Em alguns cantos alguns choram e outros esbravejam, que bairro é esse que nunca visitei? Nossa! Neste mundo de hoje as cidades não param, deve ser alta madrugada e aqui está um movimento como o dia claro. Tá vendo? É disso que falo, dessa loucura diária, essa falta de sossego, não é possível ser feliz assim, ter paz, o mundo está de ponta cabeça e a lei é de que salve-se quem puder. 

- Amigo César é bom que reflita, seus pensamentos sobre o que vê pode trazer respostas quando se quer encontra-las, portanto evite conclusões ou pensamentos negativos sobre fatos e observações. Veja, estamos no meio da rua, exatamente no meio de uma encruzilhada, automóveis passam para todas as direções e não nos atropelam. Isso te apavora?

- Sim, confesso que estou amedrontado, aliás não é melhor que fiquemos na calçada? Só para garantir a segurança?

- Acha mesmo que lá está mais seguro que aqui? Asseguro que nada nos acontecerá. Me responda César, esta situação toda que está vendo, o movimento, as pessoas, o barulho e a falta de harmonia no ambiente tem alguma relação com as suas queixas pessoais?

- Hummm...Acredito que sim, no que se refere a esta correria diária.

- Somente isso?

- Oras, onde quer chegar? Não gosto deste interrogatório.

- É sobre isto que estamos falando César. Este barulho ensurdecedor que adoece a alma é o reflexo da doença que incomoda o corpo físico, que a todo momento lhe faz lembrar que é finito e que deve pensar em si. Estas faces apáticas, preocupadas e fechadas no seu mundo particular é o seu estado emocional César, tudo o que está a sua volta é prioridade, deve ser resolvido com ligeireza com expressa exceção: menos você e você é o casamento, a família, seus filhos e amigos. Você é um indivíduo, mas que não existe sem os relacionamentos, sem experiências vividas. Hoje de tudo o que você reclama, se esquece que foram opções, você fez as suas escolhas e toda escolha tem suas conseqüências, mas você pode mudar isso.

- Posso? Como?

- Primeiramente aceite a sua realidade, a que você criou para você. O emprego é ruim ou você que reclama demais por não estar em outra área profissional? A Claudete que mudou ou você que perdeu o brilho e o prazer de viver que entorpece sua visão e não percebe o quanto ela se esforça para lhe trazer alegria novamente? Lhe falta dinheiro ou você que assume gastos acima da sua capacidade? Esta situação tem que mudar ou você que tem que se modificar? O mundo está de ponta cabeça ou você que há anos não vê a beleza do mar, não respira o perfume de uma flor, não olha para o Sol, não conta as Estrelas e não anda descalço na terra e abraça uma árvore? 

- ...

- Feche os olhos e respire fundo, pense novamente no seu quarto e no seu corpo dormente... Abra os olhos.

- Nossa! Estamos aqui de novo, já deve ser hora de acordar, tenho que ir trabalhar logo mais.

- César nós nem saímos daqui.

- Como não? E aquela rua, aquelas pessoas?

- Nós apenas mergulhamos no seu tumultuado interior, aquilo tudo foi uma percepção simbólica em terceira dimensão de tudo que você alimenta dentro de você. Seu corpo está doente César, seu espírito está apagado, sua mente perturbada e suas emoções desequilibradas. Cuide-se!

- Tá certo! Você vem aqui, faz tudo isso, agora me diz este monte de absurdo e o que vai fazer para ajudar, você não respondeu como posso mudar minha realidade.

- É verdade César, eu lhe responderei sim, mas somente depois que você também se responder às minhas perguntas. Agora volte e pense muito sobre isso.

Em breve eu volto...

Namastê!

FONTE: www.rodrigoqueiroz.blogspot.com e publicado no JUS, Maio 2009



2 comentários:

Unknown disse...

Adorei este texto, e ontem estava justamente falando quase a mesma coisa para minha irmã. Pedi para ela ver realmente a verdade dentro dela e sempre que pedimos mudança ela vem, mas nem sempre como pedimos.
Hoje minha irmã está rebelada, não atende o telefone e nem saiu de casa. Acho que ela não entendeu por isso vou enviar este texto.
Muita paz e obrigada pelo texto, estava precisando. Rosely

Anônimo disse...

Este texto é de uma sabedoria...
Quantas vezes não nos deparamos com estas frustações.Após lê-lo tenho convicção de que ando com o pensamento voltado para meu questionamento íntimo,pois venho sendo orientada espiritualmente neste sentido da vida.Obrigada aos Amigos espirituais, também, por me mostrar este texto.Pois, ao tentar ajudar amigos neste sentido fui muito críticada e ainda sou.Mas ainda assim..continuarei...
Muito obrigada,
Um abraço fraterno Rodrigo,
Que Oxalá continue te Abençoando.
Alessandra Dourado.