quinta-feira, 11 de junho de 2009

PERIGOS DA MEDIUNIDADE

MEDIUNISMO E PSIQUISMO
Um toque sobre a mediunidade, euforia religiosa e animismo

Por Rodrigo Queiroz

O mediunismo umbandista ou mediunidade de Umbanda, devido seu potencial anímico e fenomênico que é o fato do guia andar, manifestar trejeitos, sotaques, vestimentas, enfim, por ser as manifestações espirituais na Umbanda carregada de personalismos das entidades, quando um médium não se atenta sobre suas falhas emocionais e psicológicas a experiência mediúnica poderá se tornar um grande problema que só se resolverá com uma intensa supervisão do sacerdote e muita humildade e resignação por parte do aprendiz, acontece que nem sempre isso ocorre.
Quando o indivíduo inicia seu desenvolvimento mediúnico é natural e esperado que o mesmo fique “apaixonado”, “eufórico” e muito envolvido que esta sua nova experiência existencial. É justamente este encantamento que vai motivá-lo a superar uma série de desafios que se desdobram neste período. No entanto é comum também muitos se apoiarem nesta convivência espiritual para suprir algumas deficiências emocionais, natural em todo ser humano, porém isto quando não é controlado pode ser um perigo iminente.
A vida do indivíduo se divide em dois momentos, antes e depois de assumir a mediunidade e acontece que este novo universo precisa ser vivido com muita coerência, humildade e senso crítico, pois senão começará uma avalanche de confusões e comportamentos nocivos.
Desta forma entendemos até aqui o que podemos considerar de “euforia religiosa”, que nada mais do que esta entrega do indivído ao mundo da mediunidade.
Entenda sinteticamente o que é ANIMISMO: quando o médium se pronuncia ao invés da espiritualidade, ou seja, age, pensa e fala como se fosse uma terceira pessoa (espírito) e manifesta isso como sendo de fato uma entidade. Não é mistificação, pois esta fica na vala da ação proposital, o indivíduo pensa e age mentirosamente com esta intenção. Já o animismo acontece de forma silenciosa e muitas vezes imperceptível, para aqueles que não entenderam alguns conceitos básicos da ação espiritual com o médium. Por isso o animismo está tão ligado à euforia religiosa do médium, pois este tão envolvido e entregue a estas novas sensações pode num determinado momento acreditar que tudo a sua volta se resume a experiência espírito-mediúnica.
Já nas primeiras sensações do guia, o médium é orientado a se atentar para as intuições que virão. Acontece que é muitíssimo difícil distinguir intuição de pensamento próprio e sinceramente não há uma fórmula exata para se ensinar afim de aprender esta distinção, ficará a cargo da sensibilidade do médium, da sinceridade quando pensar algo e querer realmente acreditar que aquilo é uma intuição. Neste momento já pode começar os primeiros excessos, o indivíduo pensa e logo acredita que é intuição e certamente na maioria das vezes isso não confere.
Passo seguinte começa as manifestações dos guias, o indivíduo quer muito se aproximar da entidade, criar um elo de companheirismo, o que é correto, mas muitas vezes nesta intenção ele cria mentalmente necessidades nesta entidade, ou seja, começa providenciar uma série de “presentes” para o guia justificando que é o guia que intuiu...
Continuamente este indivíduo quer acreditar que tudo o que ocorre como sonhos, pensamentos e “intuições” são provindos dos guias. Então ele vai começar a dar dicas para os outros alegando que é o guia que falou, vai narrar “sonhos reveladores” e assim por diante.
Quando um iniciante que está ainda nos seus primeiros anos de desenvolvimento mediúnico inclina-se para este comportamento pode ser um indício de carência efetiva, comportamental e uma necessidade íntima de estreitar relacionamentos, o erro está em usar os guias como muleta.
É comum quem tem este comportamento abordar as pessoas desta forma: “Fulano, tive um sonho com você e é melhor tomar cuidado com isso ou aquilo...”, “Ciclano, hoje tive uma intuição para você fazer isso ou aquilo”, “Beltrano, meu guia mandou este recado pra você”, etc. Pode acontecer também “incorporações” fora de hora e local.
Você pode se perguntar: - Mas como discernir? Como podemos perceber isso?
Acredite, é simples. Basta aceitar princípios básicos, como: os guias da Umbanda são espíritos que estão muito distantes de nós e se não bastasse isso são ocupadíssimos. Outra ponto fundamental é entender que a espiritualidade está para nos auxiliar em nossa evolução espiritual, compreendendo conceitos espiritualizadores e ainda nos ajudar a nos superarmos. Do mais é por isso que temos dia, hora e local para a espiritualidade se manifestar.
Então pergunto: - Que entidade é esta que presta a falar da vida alheia? Qual é o aprendizado quando uma entidade quer prever uma desgraça na vida de terceiros? Porque uma entidade vai ficar “cochichando” isso ou aquilo que não seja sobre você mesmo? Por fim, é legítimo uma entidade expor tudo isso ao indivíduo que está em pleno desenvolvimento mediúnico, onde a única preocupação deverá ser si próprio? Será de fato uma entidade de Lei?
Obviamente que a resposta é não.
E se ainda assim o indivíduo alega que escuta o guia, que enxerga o guia, que sente o guia e este mesmo guia faz tudo o que acima foi comentado indo mais além, então pergunte-se: - Se não cabe este comportamento aos Guias de Lei da Umbanda, então... estamos falando de zombeteiros e obssessores. No entanto se você freqüenta uma casa de Lei, isso é pouquíssimo provável, de tal forma que só resta aceitar que o animismo esteja acontecendo e assim começar a tratar disso urgentemente, pois o passo seguinte é a cegueira da vaidade ou mesmo a esquizofrenia.
Se ao ler este texto você pensa que não tem nada haver contigo, preocupe-se.
Se ao ler este texto você pensou demais em outras pessoas como enquadradas aqui, preocupe-se ainda mais.
Se ao ler este texto você começou a se analisar, bom caminho.
A Umbanda é evolução, amor, coerência e bom senso!

Saravá!

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2 comentários:

Anônimo disse...

Rodrigo,
Esse texto de hoje é realmente excelente, pois nos reporta a uma reflexão profunda sobre a nossa postura diante da nossa mediunidade e, principalmente q este tipo de acontecimento pode estar relacionado a vaidade pessoal do médium.No início de meu desenvolvimento me deparava sempre com estas perguntas:"será q sou eu?"...sempre tive muito receio de estar fazendo coisas q não condiziam com a conduta mediúnica e q me levassem ao erro.Ainda hj me policio bastante em todo o momento de uma manifestação espiritual...Isso é o q nós todos deveríamos fazer sempre..continuar sempre olhando para dentro de nós e tendo uma percepção aguçada do mundo a nossa volta e sempre, sempre, tendo a humildade de errar e voltar atrás para aprender!!
Saravá Irmão!
Alê
Irecê - BA

Cristina disse...

Sou umbandista e estudiosa da religião. Tenho mestrado em Ciências da Religião e obtive este título defendendo uma tese sobre a Umbanda no sertão norte-mineiro. Gostaria de ter informações sobre o curso de teologia de Umbanda. É possível, estou interessado.
Obrigado,
Cristina Borges