quarta-feira, 1 de setembro de 2010

MEDIUNIDADE NA UMBANDA - Uma breve provocação


Por Rodrigo Queiroz

A mediunidade é um assunto que permite infinitos desdobramentos e, portanto, é sempre pertinente, necessário e explorável.

Allan Kardec ao escrever O Livro dos Médiuns, apesar do título ser pretensioso, não esgota em si o assunto Médium e Mediunidade, muito pelo contrário, nesta obra temos o início da exploração e discussão deste assunto importante para a espécie humana.

Mais de 150 anos se passaram da publicação desta obra, assim muitos fenômenos ocorreram e muitos tipos de médiuns passaram e passam por este plano físico da existência.

Entendemos que a mediunidade está presente em todos os indivíduos, pois a mediunidade não é propriedade de nenhuma religião ou segmento espiritualista.

O que se faz necessário explorar é o que chamo de Mediunismo Umbandista ou "Mediunidade de Terreiro". Há alguns anos venho explorando o assunto mediunidade na realidade da Umbanda e percebemos que a maneira como a mediunidade é desdobrada na realidade da Umbanda é bastante diferente que em outros seguimentos com o uso consciente da mediunidade.

Não se trata das particularidades do ritual e dinâmicas internas dos terreiros, vai além.

Começamos a refletir sobre algo abaixo:

"Faz 06 meses que Fulano freqüenta o Centro Espírita Luz e Amor. Participa regularmente dos estudos mediúnicos, agora vai participar das atividades práticas...

Após a leitura do Evangelho e das palavras explanadas pelo presidente da mesa iniciam as manifestações dos mentores, ao que Fulano "estremece" o corpo e uma entidade se manifesta:

- Boa noite a quem é de boa noite!

- Seja bem vindo irmão! Qual o seu nome?

- Eu vim para dizer que este meu cavalo deve procurar um terreiro para iniciar sua missão, somos gratos a todos, mas o caminho dele é na Umbanda, eu me chamo Exu..."

Histórias como estas são cada vez mais comuns entre Umbandistas que, antes de chegar ao terreiro, tiveram sua passagem pelo Espiritismo.

Neste caso cabe a pergunta: - Se a mediunidade é algo inerente ao indivíduo, podendo ser exercida em "qualquer" segmento, porque então há esta "exigência" de um determinado médium buscar a Umbanda?

Acaso, este é melhor ou pior que os outros irmãos do Centro Espírita?

Também não cabe, neste caso, apontar a discriminação de alguns centros em relação às entidades típicas da Umbanda. Já temos notícias de muitos e muitos centros espíritas que abrem as reuniões para manifestação de pretos velhos, caboclos etc.

Por que afinal o Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas teve como missão fundar a religião Umbanda?

Com o advento da Umbanda acontece o rompimento de muitos médiuns espíritas que vão abarcar aos terreiros de Umbanda, também com o surgimento do ritual de Umbanda uma nova modalidade de mediunismo aflora, ou melhor, encontra solo fértil para desdobrar-se.

Por que, que mesmo querendo, muitos médiuns atuantes na seara espírita não conseguem incorporar um Exu ou um Caboclo? E por que, mesmo querendo, um médium que traz a companhia de guias típicos da Umbanda não consegue evitar a manifestação destas entidades e, em algum momento, estarão pisando um solo Umbandista?

Com isso é visto que há mais sobre Mediunidade, Mediunismo e Umbanda a se explorar, refletir e compreender.

Não se trata de classificar ou desclassificar a mediunidade de um campo ou outro, mas sim de buscar entender como e porque há esta diferença.

Os médiuns evangélicos encontram nas igrejas evangélicas um campo propício para esta mediunidade, da mesma maneira entre os médiuns católicos, os espíritas, os candomblecistas e, inclusive, os Umbandistas.

Mediunidade é algo global e universal, entretanto é importante compreender diferentes mediunismos e campos de ação. Para cada segmento há também uma ou outra faculdade mediúnica que é mais atuante ou característica. Da mesma maneira que cada segmento apresenta níveis vibratórios e magnéticos específicos, bem como campos de ação bem delineados.

Vou encerrando aqui este texto como uma provocação reflexiva, logo ampliarei esta discussão.

Grande abraço,

Rodrigo Queiroz

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4 comentários:

Nikolas Peripolli disse...

Ótimo texto! Realmente mostra o quanto cada religião tem seu papel neste plano, atingindo a cada ser humano!!

Douglas disse...

Realmente a questão da mediunidade na Umbanda é algo que merece uma reflexão dentro deste contexto religioso.

Assim como as mandalas, as vestimentas e cores, que são universais, cada uma delas assume uma roupagem um pouco diferente, de acordo com a doutrina que estamos inseridos. Entretanto, são todos manifestações universais... Um manto branco será sempre um manto branco, uma vela amarela pode ser o elemento ar numa doutrina, Tipheret em outra ou Iansã na Umbanda. Qual delas está certa?

Todas.

Da mesma forma temos a mediunidade. Em cada doutrina espiritualista ela assume uma determinada função, e qual será a função dentro da Umbanda? Pois se analisarmos as diversas casas, a própria função da mediunidade varia, pelo menos na maneira como é exposta à quem lá se encontra.

Há lugares que ela é usada para confirmar mensagens "espirituais". Há lugares em que ela é usada para auxiliar os outros, e prestar a caridade. Tem lugares que é utilizada para o autoconhecimento. Em outros, para consolar os aflitos.

Dizer como a mediunidade funciona na Umbanda como um todo é uma tarefa difícil, mas creio que ela serve para despertar a intuição e o raciocínio, para que cada um possa se conhecer melhor e realizar o seu devido papel dentro do corpo da Humanidade. Seja médium ou não.

Ieda Marçal disse...

Adorei o texto! Queria saber melhor sobre mediunidade na Umbanda tenho tantas dúvidas. Vamos discutir mais? Alguém pode indicar algum livro?

Jennifer disse...

Gostei muito do texto.
Fui criada dentro do kardecismo, e como a maioria dos kardecista tinha preconceito com a Umbanda, tanto que quando me desvinculei do kardecismo, ainda na adolescência, fui buscar alimento espiritual em muitas outras fontes, wicca e druidismo sobretudo, e jamais me imaginei umbandista... Até que um dia incorporei um boiadeiro dentro de casa, e aí, o resto é história! Quem é de Umbanda, mais dia, menos dia se encontrará sob a Lei da Pemba. Saravá!